Proposta AGB-BH para o XVI ENG

Assembléia Geral da AGB-SLBH em 18 de Julho de 2009.

Tema: Formação e Experiência na Geografia: a Praxis dos Geógrafos

A definição de um tema para um encontro nacional de geógrafos deve relacionar questionamentos que abranjam o arco de preocupações tanto da conjuntura quanto das permanências mais amplas do campo de saber que se discute. Pensamos que o tema acima atinge este pressuposto. Ao colocar, em primeiro plano, o debate sobre a questão da formação e da experiência na Geografia pretende-se aglutinar reflexões sobre tal relação. Não se trata, porém de internalizar ao campo de conhecimento específico tal discussão, mas, a partir do mesmo, dialogar sobre os processos de qualificação do Humano e seu Mundo. Portanto, indaga-se em primeiro lugar sobre o conjunto de experiências afins ao conhecimento geográfico e sua relação com as necessidades da formação em geografia. Em sentido inverso, e em segundo lugar, indaga-se sobre a qualidade das formações em geografia e suas capacidades em dialogar com a multiplicidade das experiências afeitas ao campo de conhecimento. Pode-se, como hipótese, pensar que há um distanciamento entre formação e experiência. Neste mesmo sentido, poder-se-ia considerar uma contradição antagônica entre os dois termos e a forma social da qual emerge a questão. Haveria um empobrecimento da experiência e da formação diante das determinações sociais, das quais o espaço é uma das principais? A experiência, entendido como termo mais amplo, resguardaria conteúdos para uma superação dos limites do conhecimento institucionalizados em suas várias formas? Ou estaria, ela própria, já definida e determinada pelos termos da reprodução social moderna? E a formação, guardaria possibilidades para uma irrupção interna de seu próprio fazer ao radicalizar seus pressupostos críticos? Ou, estaríamos em processo de submissão ao já dado e feito?

O segundo termo, a praxis do geógrafo remete a questão para nossa própria formação e experiência. Com quais termos temos compreendido os limites da ação? Como elaboramos o político em nossa experiência e formação? Dentre as inúmeras inserções dos geógrafos, pensamos poder afirmar que a imensa capilaridade põe contatos com demandas teóricas, políticas, institucionais, etc., as quais exigem posturas e posições cada vez mais incisivas em relação ao produto social. Refletir sobre tais aproximações requer posicionamentos sobre a qualidade das inserções. Em que medida as posições construídas pautam-se em relações autônomas, antagônicas, agônicas ou multiplamente determinadas?

A relação entre os termos experiência, formação e praxis pode, mesmo em termos conjunturais sob o prisma de uma crise, elaborar o posicionamento da reflexão e da ação em direção aos fundamentos das construções elaboradas e em elaborações. Esta constante aproximação entre o devir e o seu momento torna-se, a cada possibilidade, oportunidade para novos Encontros.

Concepção de encontro

A afirmação do Encontro Nacional de Geógrafos como processo de produção pela e da AGB implica em romper com a concepção de preparação (um “parar antes”) do produzido, em lidar com resultados que, válidos, legítimos, contribuem pouco para o avanço da geografia para além da confecção de (i)números materiais representativos das tradições e seus momentos de expressão. Produzir significa pensar e analisar o existente mas ir além dele como idéia e práxis, o que só é possível considerando o possível como dimensão ainda não realizada, materializada. Ou seja, produzir é praticar as utopias, analisar as topias determinadas e as determinações, interesses e práticas que as concebem, promovem, conduzem. É procurar e dialogar com o indeterminado, o que surge como expressão de práticas como possível práxis e não só o que já foi viabilizado.

O viável tem sido praticado à exaustão nos ENG, pois como evento alcança uma enorme materialização de trabalho via AGB: envolvimento no planejamento e execução de tarefas, comunicações e materiais impressos e digitais etc. Porém, corresponde às determinações dos resultados específicos como produtos – volume de textos escritos e gravados que justificam os pedidos de financiamento, sem dúvidas requeridos e a requerer pela entidade, mas constritos às classificações, denominações de objetos visibilizados do momento: CAPES, CNPq, arranjos nominais e relações institucionais das tradições da geografia da AGB e dos seus envolvimentos na forma de eixos e agrupamentos pré determinados, antes que os(as) interessados(as) acheguem à leitura, debate e disposição ao Encontro como evento.

Portanto, propomos superar a armadilha dos eixos, pois reiterando os cortes de conteúdo, não conseguimos outra coisa que a reunião dos já reunidos: um encontro dos próximos e, muitas vezes, idênticos. A armadilha da identidade, dada pela exterioridade do objeto resvala ao corte positivista e não alcança, em nada, uma práxis emancipadora.

O encontro deve prover outras possibilidades: por exemplo, a construção de EDPs a partir de outras formulações que não pelos recortes acadêmicos, com as proposições das seções locais e GTs a aprofundarem o próprio tema do ENG. Assim, por exemplo, os EDPs, ao se tornarem responsabilidade das seções locais, indicariam uma organização que convergiria para o diálogo de pessoas e pesquisas reunidas pelas seções locais (tarefa que demanda de cada núcleo da AGB um esforço diferenciado de promoção do diálogo-processo-para-o-encontro, o que inclusive reitera uma nova postura-responsabilidade de gerar os momentos de encontro desde as locais até chegar em Porto Alegre. Tal esforço abre outra possibilidade de se realizar uma convergência dos geógrafos a partir das locais para se criar um Encontro modificado, de diálogos incitados e desenvolvidos anteriormente dentro das seções.

Outrossim quanto às atividades, devemos pautar o ENG pela superação histórica dos limites institucionais. No caso dos ESCs, não devemos simplesmente eliminar as CCs, mas garantir sua permanência qualificada na estrutura do Evento.

Com tais apontamentos, segue uma proposta de Cronograma:

- 2009, jul: convocação geral interna à AGB (DEN, seções locais e GTs)

- 2009, jul a 2010, mai: proposição e debate pela DEN, seções locais e GTs

- 2009, ago, até 31: definições gerais – data, tema, estrutura geral, relação entre Comissão Organizadora (AGB, inclusive os GTs), e Comissão Científica; a RGC pode formar um embrião de Comissões, mas deve haver diálogos com as seções locais e os GTs até o final do mês ou, quiçá, meados de setembro (que tal o aniversário da AGB?)

- 2009, out: projeto geral para pedido de financiamento público, balanço da mobilização e envolvimento das seções locais e grupos de trabalho e composição da Comissão Científica;

- 2010, fev: divulgação e convocação do XVI ENG, mobilização da AGB (seções locais e GTs) e definição das Comissões de Trabalho gerais;

- ... a desenvolver gradativamente

Quanto à atuação da comissão científica:

O princípio básico é o de que a Comissão Científica faz parte da AGB como fórum e propõe-se seu envolvimento como processo – e não para somente avaliar as contribuições escritas dos partícipes; na dimensão geral, a relação se dá entre a AGB (DEN, RGC e GTs e/ou seções locais e agrupamentos delas que assim se assumam) e a coordenação – geral e por projetos-atividades do XVI ENG – da Comissão Científica.

A autonomia da Comissão Científica ocorre por dentro dos conteúdos assumidos por eixo e considerando as diversas atividades do evento. A escolha da sua composição se dá nas RGC e os GT, e deve participar dessas instâncias e fóruns, às vezes presencialmente, bem como constituir algo semelhante a um GT, quando a temática proposta não coincidir com o já elabora, ou com uma ou mais seções locais.