Nota de repúdio à violência policial e solidariedade à ocupação Vila Fazendinha e a todas as famílias que iniciam o ano de 2021 sem condições de moradia digna
Ontem, dia 03 de janeiro de 2021, o Movimento Organização de Base realizou a ocupação de um terreno localizado na Av. Teresa Cristina, 360, no Calafate, na cidade de Belo Horizonte (MG). O local, que serviu até então de depósito de lixo, foi ocupado pelas cerca de cem (100) famílias que limparam o local e instalaram suas barracas logo na manhã deste árduo dia de luta. A ocupação Vila Fazendinha, iniciada na alvorada do ano de 2021, denunciou, além da gravidade da sistemática situação da moradia na cidade de Belo Horizonte, os danos a estas e tantas outras famílias causados pela pandemia da COVID-19. As soluções mobilizadas pelo poder público (municipal, estadual e federal) não contemplam as urgências destas e de tantas outras famílias que foram assoladas pelo aumento do desemprego e pela impossibilidade de garantir condições básicas de moradia, alimentação e higiene neste delicado contexto de pandemia.
Desprezando os motivos reais que levam estas famílias a se refugiarem na luta por moradia na cidade de Belo Horizonte, a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, sob o comando do governador do Estado, o senhor Romeu Zema (Partido Novo), mobilizou um grande aparato repressivo para remover os ocupantes de sua luta. A ação incluiu a presença da Tropa de Choque, que utilizou de pressão psicológica sobre as famílias, ameaçadas e ofendidas pelos agentes policiais. O despejo era justificado por um incoerente discurso sanitarista descolado das necessidades materiais das famílias e, além disso, foi realizado sem sequer o cumprimento de qualquer decisão judicial.
A Ocupação Vila Fazendinha resistiu à violenta pressão do aparato policial ao lado dos movimentos sociais que lutam por moradia e direito à cidade, a parlamentares municipais e estaduais, além de advogados populares. Diante do alto risco à segurança das crianças presentes e da postura intransigente do governo do Estado de Minas Gerais, que não se dispôs em nenhum momento a negociar com as mais de cem famílias ali presentes, foi consenso entre os presentes, recuar naquele momento e desocupar o terreno.
A AGB-BH, Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Local Belo Horizonte, repudia a violência policial cometida pela PM-MG sob o comando do governador Romeu Zema, e denuncia a intransigência do governo do Estado que opta por mobilizar recursos para que as forças policiais despejem famílias de trabalhadores precários e desempregados, mas que se indispõe a buscar resolver o grave problema de moradia por elas denunciado. Toda a nossa solidariedade com a luta dos trabalhadores sem teto e sem terra, que lutam diariamente e, por necessidade, constroem esse país sem ter direito a ele.
Ocupar, resistir e construir! Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um dever!
Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Local Belo Horizonte