XVII Encontro Nacional de Geógrafos: Entre escalas, poderes, ações, Geografias
Belo Horizonte – 22 a 28 de julho de 2012
UFMG – Campus Pampulha
Site do XVII Encontro Nacional de Geógrafos: https://eng2012.org.br/
Tema: Entre escalas, poderes, ações, Geografias
A escolha do uso da preposição “entre” como relação dos termos não é desprovida de intenções na definição do tema do XVII ENG. Sugere dois movimentos possíveis. O primeiro, mais óbvio, indica a necessária relação entre os mesmos, sugerindo várias combinações possíveis: aos pares teríamos seis combinações: Escalas-poderes; escalas-ações; escalas-geografias; poderes-ações; poderes-geografias; ações-geografias. Muitas outras combinações seriam possíveis entre três termos ou entre os pares e trios. Pensamos que a unidade dos termos, sua combinação aos pares e as relações dos quatro termos são suficientes para o desenvolvimento do tema.
O segundo sugere o uso como vetor locativo e, aí, a preposição entre indica o local em que o vetor se encontra, logo entre os termos relacionados. Neste caso, podemos indicar infinitos “pontos” entre os termos.
Os termos propostos como tema do XVII ENG requerem uma discussão na qual não haja uma centralidade e nem a dominação de um dos termos sobre os demais, de modo a não se determinar de antemão uma direção para o pensamento cujo fim já se anuncia no começo. Todos os termos encontram-se no mesmo nível conceitual. Se o processo de construção do tema se faz e refaz continuamente no debate interno à AGB, devemos levar esta construção às ultimas conseqüências. Apropriando-nos do “entre” como verbo, que nos traz a idéia de processo e de movimento, convidamos os geógrafos para o debate político, para que adentrem as lutas e o movimento do mundo.
Pensamos que a partir das possibilidades expostas anteriormente emergem os eixos, linhas, teses, enfim, conteúdos do ENG.
Escalas
A escala, enquanto instrumento cartográfico para expressar espacialmente determinado fenômeno ou processo social, é apenas a forma mais difundida de utilização do conceito. Antes de tudo, a escala é uma espécie de proto-conceito, na medida em que é próprio do pensamento analítico diferenciar e qualificar fenômenos e processos, de sorte que todos os demais conceitos que utilizamos são passíveis de serem escalonados. Não apenas em termos dimensionais, mas também de intensidade, ritmo e tempo em que os fenômenos e processos ocorrem. Em outras palavras, escalas se definem a partir de relações, suscitando uma abordagem conjunta de suas dimensões componentes, para além da simples expressão. O que é uma metrópole? Por acaso se define simplesmente pela extensão do tecido urbano? Sua existência pode ser entendida dentro dela mesma ou, ao contrário, as suas intrincadas relações endógenas e exógenas representam um aporte à investigação analítica em sua proposta de compreender e ultrapassar o caráter fenomênico imediato da mesma? A reflexão colocada neste nível nos permite alcançar uma esfera mais ampla da realização social moderna, a partir da sua produção, que realizada segundo o ritmo da intensificação produtiva, utiliza do aumento da intensidade do trabalho para a compressão do tempo de produção e conseqüente aumento da dimensão produzida, que em termos de valor abriga em cada unidade, mercadoria, uma quantidade menor de trabalho materializado – “Crise do Valor”. A partir desta acepção de escala, o pensamento alcança a medida escalar fundamental da sociedade moderna: tempo de trabalho socialmente necessário.
Poderes
O poder apresenta-se como a articulação entre duas forças, a riqueza e a violência, que se equivalem e são interdependentes, para subordinar as demais. É a compreensão dessa relação que pode impelir o conhecimento ao combate ao poder, de sorte que torna-se fundamental compreender as relações de poder que se constituem e materializam, nem sempre de forma visível, no interior de uma sociedade dividida em classes. O poder não se manifesta apenas de formas violentas, mas também pela sedução que chega a cooptação. O poder predominante já não é o concreto, mas o avassalador poder do capital em suas formas abstratas. Formas presentes na cotidianidade e produtoras do espaço. De quem é a prerrogativa na definição dos usos e da apropriação do espaço geográfico? Quem determina forma, ritmo, intensidade do trabalho efetivado na produção deste espaço? De que forma se efetiva o poderio econômico nos dias atuais? Quais são as forças que tensionam o poderio econômico do capital, ou seja, que outros poderes existem no mundo contemporâneo? Este é o nível inicial que imaginamos como o mais profícuo ao debate à que se propõe a geografia, da promoção de um espaço da práxis aberto para um devir emancipatório.
Ações
Ações é um termo que nos remete sempre a um verbo: fazer, criar, realizar, sujeitar, pensar, destruir, criticar, aprovar. As orações (e ações), porém, não são dadas pelo verbo ou pelas ações, mas pelo sujeito delas, cuja transform-ação leva à práxis. Devemos, portanto, mais do que discutir as ações, pensar sobre o sujeito que realiza esta ação. Que sujeito é este? O espaço geográfico é um sujeito? Que sujeito produz o espaço? Ou existe processo sem sujeito? Questionar estes pontos nos traz a possibilidade de refletir até que ponto nossas ações não passam de reações às determinações do mundo moderno, não alcançando a possibilidade de antecipar o processo.
Geografias
Quantas são as Geografias possíveis? Se pensarmos através de seus recortes quantas são as Geografias? Recortes que podem ser de objeto (urbana, agrária, natureza, etc), de método (teorética, crítica, dialética), de escala (bairro, cidade, metrópole), político (movimentos sociais, Estado, comunidades tradicionais)... São tantos cortes possíveis e tantos recortes da Geografia que por vezes chegamos a nos questionar sobre a possibilidade de uma Geografia inteira. Nesse sentido, o ENG se apresenta como espaço privilegiado para o encontro destas geografias e de debate entre todas as correntes teóricas e epistemológicas da Geografia brasileira. Geografias que se reconhecem e que enxergam no encontro uma possibilidade de divulgação de seus trabalhos e de diálogo com aqueles que escolheram a profissão de Geógrafos. Portanto, pretende-se reunir não mais os iguais, que pesquisam os mesmos temas e se encontram em seus eventos específicos, mas, sobretudo, os diferentes enfoques, práticas e perspectivas da Geografia.
Atividades: Diálogo de Abertura; Espaços de Diálogos e Práticas (EDPs); Oficinas; Espaços de Socialização Coletiva (ESCs); Mini-Cursos; Mesas Redondas; Atividades Culturais; Trabalhos de Campo; Plenária Política; Assembléias das Seções Locais; Diálogo de Encerramento; Plenária Final.