XVII ENG: MANIFESTO DA AGB BELO HORIZONTE

O Encontro Nacional de Geógrafos (ENG) é um momento de debate, de troca de ideias, de formação, de tomada de posições políticas, de diversão, de conhecimento, de reconhecimento e críticas às geografias realizadas no Brasil. O ENG vai para sua 17º edição e, por isso, muito já foi a sua contribuição para a geografia brasileira. Entretanto, a qualidade deste encontro depende do entendimento e da concepção que os sujeitos que o constroem têm sobre as relações aí implicadas e o tanto quanto estes sujeitos conseguem imprimi-los na sua realização. Espera-se que tais concepções e entendimentos materializem-se, o mais possível, nas formas que dão corpo ao ENG. É certo que tal materialização exige tempo e trabalho, mas é preciso que nos esforcemos para que as palavras não se esvaiam pulverizadas na prosa do mundo.

Na Reunião de Gestão Coletiva (RGC) ocorrida em Belo Horizonte, em fevereiro de 2011, tirou-se alguns princípios norteadores à construção do XVII Encontro Nacional de Geógrafos, tais como “deve ser um processo que se inicia agora [naquele momento], na 106ª RGC”, que o “ENG é a organicidade da AGB e deve dar vazão a todas as instâncias da entidade”, que seja “público e deve construir conhecimento e práticas públicas”, “buscar nos movimentos populares possíveis parcerias para a construção do ENG”, que o encontro “integre a comunidade local em atividades e na organização do evento”, que se aprofunde “o debate sobre quais são as pautas gerais da agenda política nacional que interessam à AGB hoje”, dentre outros.

Esses princípios de nada valerão se não encontrarem expressão prática. Por isso, pretende-se, com este manifesto, conclamar todas as instâncias da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), enfim, os sujeitos que dão vida à entidade, a encontrarem meios de realização desses princípios estabelecidos.

Como processo, o ENG já se iniciou. Fundamentalmente, deve-se pensar a construção do encontro a partir do processo de amadurecimento das relações com os movimentos sociais e com o movimento real, das ideias, ações e processos e suas relações de elaboração de questões, conhecimentos e práticas. A organicidade pretendida para o XVII ENG deve, então, se realizar a partir e para esta noção. Precisamos fazer um esforço para que o ENG, e a própria AGB, continue contribuindo para a geografia brasileira de maneira consistente, pensar a realidade de forma a colocar a entidade no movimento, ou melhor, ser o movimento, isto é, produzir o movimento da história.

Para tanto, há de ser sua condição a força da Associação, maior que a mera soma das forças individuais, forma e conteúdo de participação que não incorre em hierarquias internas e, principalmente, aceitação passiva e acrítica de determinações heterônimas, a exemplo da mercantilização das atividades do conhecimento e sua relação dialética com o mundo. Sendo produção do movimento do mundo, além de participar dos mais diversos movimentos sociais, a própria Associação deve ser um canal de expressão e ação da sociedade propondo e realizando atividades públicas voltadas para o debate e a ação.

Enfim, esperamos que o resultado deste esforço coletivo, desta associação de esforços, seja um Encontro Nacional de Geógrafos em que as várias geografias produzidas país afora possam realizar o debate, a troca de ideias, a formação, a tomada de posições políticas, a diversão, o conhecimento e o reconhecimento para além de palavras jogadas ao vento. A proposta que esta Seção Local encaminha à AGB como um todo é a da promoção dialogada e compartilhada por parte de suas instâncias – Seções Locais, GTs, Diretorias, comissões, agrupamentos de associados(as), etc. – de atividades que consubstanciem os princípios definidos pela entidade para o XVII ENG. Tal calendário deve se definir pela convicção e autonomia desses sujeitos.

Belo Horizonte, 07 de março de 2012